P A T R I M O N I O P Ú
B L I C O
O preço da Telebrás:
quem explica?
Ninguém. O governo prefere processar Lula a justificar
a redução no valor da empresa
Por que o governo quer reduzir o preço de venda da Telebrás,
dos R$ 40 bilhões anunciados em outubro do ano passado,
pelo então ministro das Comunicações Sérgio
Motta, para apenas R$ 13,5 bilhões?
Essa pergunta, feita por Lula, gerou-lhe dois processos movidos
por Fernando Henrique Cardoso, e a ameaça de um terceiro.
Mas uma resposta convincente para a queda de preço, ninguém
deu.
O atual ministro das Comunicações, Luiz Carlos
Mendonça de Barros, alega que a redução do
valor se deve à “quebra do monopólio das telecomunicações”.
“Esse argumento não tem consistência”, diz o deputado
federal Walter Pinheiro (PT-BA), funcionário licenciado
do sistema Telebrás e ex-presidente da Fittel (Federação
Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações).
Segundo Pinheiro, em março de 97, Navarro Guerreiro, atual
presidente da Anatel, anunciou que o monopólio seria mantido
por pelo menos cinco anos. “Além disso, não há
no mundo qualquer exemplo bem sucedido de concorrência no
serviço de telefonia fixa”, diz ele.
Pinheiro exemplifica: “Nos Estados Unidos, um ano depois da lei
que abriu a concorrência no serviço de telefonia
fixo, 99% dos usuários continuam restritos a serviços
monopolísticos”.
Fragmentação
Para o deputado petista, a fragmentação do Grupo
Telebrás em 13 empresas, como pretende o governo, “é
uma grande estupidez”.
Segundo ele, duas conseqüências desse modelo já
apareceram: a queda do preço do grupo e o “imbroglio” jurídico
no qual se meteu o governo, ao criar novas empresas estatais.
A Assembléia Geral da Telebrás, que determinou a
cisão do grupo, está “sub judice”, podendo todas
as decisões serem anuladas pela Justiça.
Pinheiro diz que a Justiça pode ser alertada do enorme
prejuízo que a fragmentação do nosso sistema
de telecomunicações causará ao país
e ao povo brasileiro.
Outra possível conseqüência será a venda
de apenas algumas das 13 empresas no leilão marcado para
29 de julho próximo. “Não será surpresa se
os compradores levarem a Embratel, a Telesp, uma ou duas telecelulares
mais lucrativas, deixando que o ‘osso’ restante continue por conta
do governo”, diz Pinheiro.
Para o deputado, é o risco que o governo corre por concentrar
a privatização de tantas empresas em um mesmo dia.
“Além disso, a concentração dos leilões
também pode ser responsável pela redução
nos valores obtidos com as vendas”, afirma ele.
Olhando o mundo
Basta verificar como as telecomunicações estão
sendo tratadas pelos vários países para ver que
o modelo pretendido pelo governo é único, exclusivo
e... inexplicável, diz Walter Pinheiro.
A Grã Bretanha não “esquartejou” a British Telecom
(duas vezes maior que a Telebrás) ao privatizá-la.
França e Alemanha também privatizaram suas “telecoms”
passo a passo, sem fatiá-las. A Itália, ao contrário,
reuniu numa grande empresa as cinco existentes.
A única exceção é a AT&T, norte-americana,
que foi dividida em sete empresas antes de ser privatizada. Mas
esse ex-monopólio era tão gigantesco que, tanto
a AT&T quanto as sete “Baby Bells” continuaram entre as dez
maiores empresas do mundo, na área de telecomunicações.
E, agora, num movimento contrário, estão se fundindo:
hoje são apenas quatro “Baby Bells”.
O caso Brasil
O modelo de privatização que o governo pretende
adotar é ainda menos justificável se considerarmos
a realidade brasileira e suas desigualdades sociais.
“As telecomunicações no Norte, Nordeste e em boa
parte do Centro e do Sul se sustentam graças às
transferências financeiras que a Telebrás pode realizar,
fazendo com que os seus serviços lucrativos e redes superavitárias
banquem os serviços gravosos e redes deficitárias”,
diz Pinheiro.
Ele lembra ainda que, como essas “teles”, “telecelulares” e a
Embratel, tomadas isoladamente, serão relativamente pequenas,
e 100% desnacionalizadas, como quer Mendonça de Barros,
ainda precisarão enviar boa parte de seus lucros para o
exterior. “Evidentemente, não irão custear os serviços
deficitários”, afirma o deputado.
Pinheiro diz que, controladas por empresas estrangeiras, “não
será surpresa se, daqui a alguns anos, um simples telefonema
entre São Paulo e Rio de Janeiro precise viajar até
alguma central roteadora em Madri, Paris ou Nova York, antes de
voltar ao Brasil”.
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Justiça
pode ser a melhor saída
A Justiça é, hoje, o melhor caminho para impedir
a privatização da Telebrás. Segundo o deputado
Walter Pinheiro, é importante não permitir sua cisão,
“com base numa Assembléia Geral completamente ilegal, tanto
pela Constituição quanto pela Lei das S.A., e até
mesmo pela própria nova Lei de Telecomunicações”.
Para Pinheiro, se o governo realizar o leilão, no próximo
dia 29 de julho, o fará “sub judice”. “Assim, teremos base
legal para revogar qualquer resultado posteriormente”, diz ele.
No último dia 18, o Tribunal Regional Federal de São
Paulo considerou, por 10 votos a 4, inconstitucionais e ilegais
tanto o edital quanto a assembléia que tratam da privatização
da Telebrás.
A ação civil pública foi movida pelo advogado
João Piza, representando o Sindicato dos Trabalhadores
em Atividades Diretas e Indiretas em Pesquisa e Desenvolvimento
em Ciência e Tecnologia de Campinas (SP) e região.
Três dias antes, o deputado Walter Pinheiro havia solicitado
ao Tribunal de Contas da União a realização
de uma auditoria no processo de privatização da
empresa. O objetivo, segundo ele, é saber os motivos pelos
quais o governo estipulou em R$ 13,5 bilhões o preço
mínimo para a sua venda.
Já Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à
Presidência da República pela Frente das Oposições,
propôs a formação de uma comissão tripartite,
formada por um técnico do governo, um da oposição
e um independente, escolhido pelos dois, para avaliar o valor
mais próximo da realidade e esclarecer todas as dúvidas
existentes sobre a venda da Telebrás.
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Brasil
Telecom: a proposta do PT
O PT não condena simplesmente a privatização
da Telebrás. O Partido tem propostas concretas e admite
que o país precisa de um novo modelo nas suas telecomunicações,
que acompanhe as mudanças econômicas e tecnológicas
do mundo.
Segundo o deputado Walter Pinheiro, “o modelo pretendido pelo
governo apenas substituirá o monopólio estatal por
pequenos fragmentos ainda monopolistas, nas cidades ou regiões
mais ricas do país, tudo sob controle estrangeiro”.
A alternativa a esse modelo, que o PT compartilha com várias
segmentos da sociedade, inclusive empresários e intelectuais,
chama-se Brasil Telecom. Trata-se de uma completa reestruturação
e reorganização do atual Grupo Telebrás,
a ser determinada por leis específicas.
A Brasil Telecom seria definida como operador nacional, logo,
o seu centro de decisão teria de permanecer no Brasil.
Além disso, teria missões públicas a cumprir,
determinadas por lei, em seus contratos de concessão e
em seus acordos de acionistas.
Pinheiro explica que, na proposta do PT, a Brasil Telecom seria
uma empresa na qual o Estado manteria uma posição
acionária de natureza estratégica (para velar pelo
cumprimento dos seus objetivos fundamentais), compartilhando o
seu controle direto e o seu gerenciamento com investidores privados,
fundos de pensão e o público (a Telebrás
tem 5 milhões de acionistas).
Finalmente, a Brasil Telecom não exerceria qualquer monopólio
e participaria das alianças internacionais que outros grandes
operadores vêm articulando entre si, para tirar partido
da competição global.
É este o modelo que, com Lula presidente, implantaremos
no país a partir de janeiro de 1999. Um modelo que deve
ser debatido com a sociedade, durante a campanha eleitoral. Para
isso, se preciso iremos à Justiça tentar impedir
a privatização do Grupo Telebrás.
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O que
rola no PT
Convenção nacional lança
Lula
A convenção nacional do PT, ocorrida no dia 10
de junho, em São Paulo, homologou a chapa Lula/Brizola,
a coligação entre os cinco partidos (PT, PDT, PSB,
PCdoB e PCB), as decisões do Encontro Nacional Extraordinário
e as diretrizes de coligações nos Estados. Votaram
mais de 80 convencionais. Ou seja, Luiz Inácio Lula da
Silva é o candidato da Frente das Oposições
e Leonel Brizola, o seu vice. O registro na Justiça ocorrerá
quando todos os partidos da coligação realizarem
suas convenções. Desde a convenção,
todos os ataques, ofensas, injúrias e difamações
contra Lula terão direito de resposta nos meios de comunicação.
O evento foi realizado em clima de festa, visitas e futebol.
Cadastramento de desempregados
O Fórum Nacional de Luta por Emprego, Terra e Cidadania
já está trabalhando com o disque-desemprego, serviço
telefônico para cadastramento nos comitês de desempregados.
O número 0800-158315 está instalado na sede da CUT
Nacional e o atendimento é das 9 às 18 horas, de
2ª a 6ª. A ligação é gratuita para
todo o Brasil. Os atendentes - representantes do Fórum
- esclarecem aos que telefonam os objetivos do disque-desemprego
e, se houver interesse, fazem o cadastro para posterior envio
dos dados aos comitês estaduais e regionais de luta pelo
emprego.
Banco do Povo de Blumenau
Apoiar os micros e pequenos empreendedores, proporcionando o
aumento na fonte de renda e gerando empregos, além de estimular
o surgimento de novos empreendedores. Este foi um dos compromissos
assumidos com a eleição do petista Décio
Neri de Lima em Blumenau (SC).
Para cumpri-lo, o Governo Popular inaugurou a Instituição
de Crédito Blumenau Solidariedade (ICC Blusol), mais conhecido
como Banco do Povo. Desde a criação da instituição,
já foram concedidos cerca de 70 financiamentos.
Orçamento em francês e
espanhol
O livro Orçamento Participativo - a experiência
de Porto Alegre, de Tarso Genro e Ubiratan de Souza, já
em segunda edição, acaba de ser lançado em
francês pela Fondation Charles Léopold Mayer; e em
espanhol, na Argentina, pelo Instituto de Estudios sobre Estado
y Participación, ligado à CTA (Central de los Trabajadores
Argentinos).
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